O evento reúne mais de 100 líderes do agronegócio de 15 países de todos os seis continentes.
Mato Grosso do Sul está recebendo por estes dias integrantes de diversos países da Nuffield Internacional, uma organização mundial do agronegócio que promove o aprendizado e troca de experiências para um sistema alimentar global sustentável. A Conferência de Scholar 's Contemporâneos (CSC - Contemporary Scholar´s Conference) marca o início do programa Nuffield de pesquisa no agronegócio pelo mundo. O evento reúne mais de 100 líderes do agronegócio de 15 países de todos os seis continentes.
E com a finalidade dos novos scholars (estudiosos no idioma inglês) conhecerem um pouco da realidade do agronegócio de Mato Grosso do Sul, o governador Eduardo Riedel apresentou no domingo (10), no Bioparque Pantanal, alguns números e informações sobre o desempenho econômico e sustentável do Estado e a vocação para as atividades do setor que alimenta o mundo.
Riedel iniciou contando a trajetória profissional como empresário, dirigente de entidade do agro, e finalmente, sua entrada na vida pública, quando ocupou cargos como secretário estadual de infraestrutura e titular da pasta de Governo e Gestão Estratégica, na gestão passada.
Também como ponto de partida da palestra, a dimensão territorial do Estado foi contextualizada, já que pode ser o dobro da área de boa parte de países europeus.
Em seguida, apresentou números e indicadores que refletem o bom desempenho do Estado. “Em 2023, Mato Grosso do Sul ocupou a primeira posição referente ao crescimento do PIB na agricultura e investiu cerca de R$ 1.177 por habitante, ocupando o primeiro lugar entre os estados brasileiros. E entre os anos de 2010 e 2020 a nossa indústria de transformação cresceu mais de 68%”, afirmou.
Durante toda a apresentação em inglês, o governador disse que sua gestão é baseada em quatro grandes pilares: “um governo verde, digital, próspero e inclusivo" e explicou aos estudiosos o significado de cada um deles para o Governo.
Lembrou que a infovia digital, que está sendo implantada, vai conectar o campo, as cidades, as indústrias, os serviços de saúde e ensino de forma mais rápida.
A educação foi outro tema que o chefe do executivo estadual lembrou que é fundamental para o desenvolvimento e formação profissional.
O governador Riedel não esqueceu de mencionar os contratos de gestão, que implantou em seu governo, e que garantem entregas à população. “Atuamos com uma gestão transversal e uma administração enxuta”.
Ainda detalhou, os cultivos de grãos e a produção de proteína animal (aves, peixes, suínos e bovinos) e o que eles representam em termos de peso na balança comercial brasileira. “Os derivados do complexo da soja representaram em 2023 quase US$ 5 bilhões na exportação sul-mato-grossense e os produtos oriundos do cultivo de florestas alcançaram US$ 1,4 bilhão. "Estas atividades são ocupadas por 89,3 mil pessoas”, salientou.
O governador Riedel lembrou que quando a Rota Bioceânica estiver pronta vai alavancar ainda mais a troca de produtos entre os mercados brasileiro, sul-americano e asiático.
Ao falar dos três biomas (Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica), que fazem parte do território sul-mato-grossense, Riedel trouxe a dimensão e a responsabilidade ambiental que o Estado carrega com a conservação destes ecossistemas. "84% do Pantanal está preservado. O bioma possui o maior número de espécies de vida selvagem no território brasileiro", garantiu.
Outro ponto de destaque da sua palestra foi sobre a recém promulgada “Lei do Pantanal” e do fundo criado para defender o bioma, que vai fortalecer ações de preservação, possibilitando o recebimento de recursos internacionais e financiamento de programas para o pagamento de serviços ambientais.
O irlândes Niall Hurson é um pequeno produtor. Possui 30 vacas-leiteiras em sua propriedade. Ao assistir à palestra do chefe do Governo de Mato Grosso do Sul, e apesar de guardar as diferenças entre seu país e o Brasil no cultivo agrícola e criações de animais, ele ficou impressionado com o equilíbrio entre preservação ambiental e produção de alimentos.
Ainda nessa linha de raciocínio, outro assunto abordado foi a meta do Governo de ser um Estado “carbono neutro” até 2030. Riedel explicou que está fundamentada na preservação da biodiversidade, implementação de políticas sobre as mudanças climáticas e as ODS (17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) das Nações Unidas.
Ao finalizar sua explanação, Eduardo Riedel apontou os desafios: a mudança no uso da terra, a política de carbono neutro, investimentos em infraestrutura e logística, parcerias com o setor privado em concessões, energia limpa e industrialização.
“Fiquei impressionado e fascinado e creio que foi um aprendizado em termos de conservação da vida selvagem e produção”, descreveu o britânico produtor de leite, Ifan Roberts.
De maneira descontraída, o governador Riedel ainda respondeu aos questionamentos dos participantes jovens ou experientes da Conferência da Nuffield.
Num dos questionamentos, justificou que o secretário Jaime Verruck da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia), voltou sábado (9) de Bruxelas, onde discutiu com integrantes da União Europeia os mecanismos de ajustes, dentro das exigências do bloco econômico europeu, com uma produção sustentável de alimentos e a exportação dos produtos brasileiros. E ainda declarou que o diálogo é importante para a compreensão e negociação de interesses.
No sábado (9), o governador Riedel recebeu os participantes da Nuffield, dando Boas-vindas ao grupo, que permanece em terras sul-mato-grossenses até o dia 17 de março. Os estudiosos irão visitar propriedades nos municípios de Sidrolândia, Nioaque e Bonito. O evento conta com o apoio do Governo do Estado e de entidades e empresas nacionais e internacionais.
Na conferência da Nuffield em MS, participam scholars do Chile, Japão, Argentina, Estados Unidos, Brasil, Austrália, Nova Zelândia, Holanda, Canadá, Reino Unido, Alemanha, entre outros.
É a segunda vez que o Brasil recebe o evento, uma demonstração do crescente reconhecimento e importância do agronegócio na região e a relevância da Nuffield Brasil para o cenário agrícola global. A CSC é realizada anualmente, em diferentes países. No ano passado foi no Canadá, e em 2025 será na Nova Zelândia. O Brasil sediou anteriormente no ano de 2017, em Brasília.
Para a associação internacional Nuffield, a agricultura é a base de um futuro sustentável e programas como este de intercâmbio ajudam indivíduos a ganhar confiança, conhecimento e redes para capacitá-los a aprimorar suas habilidades de liderança. A experiência permite aos scholars conhecerem o que é feito de mais atual e inovador nas melhores empresas e propriedades rurais do mundo.
Nuffield
Em 1947, a Nuffield começou no Reino Unido para que produtores rurais viajassem em busca de conhecimento e inovação a fim de enfrentarem os desafios de alimentação e da economia do país após a Segunda Guerra Mundial.
O fundador foi Mr. William Morris, empresário e filantropo, foi quem começou a proporcionar viagens internacionais aos agricultores britânicos visando identificar boas práticas agrícolas e abrir novos mercados para estimular a produção de alimentos e a economia nos tempos difíceis após a guerra. Os serviços do William Morris para o seu país, focado em agricultura, indústria, saúde e educação, foram reconhecidos pela rainha da Inglaterra em 1938 com o título de lord Nuffield.
Ao todo, são cerca de 1800 “nuffieldianos”, com colaboradores presentes em mais de 40 países e 100 investidores de diferentes setores agrícolas, países e idades.
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